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As verdades da semana


6) O Benfica é o clube mais inseguro da Liga NOS.

Falar com a imprensa tem várias mensagens subliminares. Quando um representante de um clube de futebol decide ser entrevistado, isto pode significar duas coisas: ou quer colocar determinada narrativa no espaço mediático ou não quer que determinada narrativa seja colocada no espaço mediático. 

Foi com ambos objectivos em mente que Rui Costa, administrador da SAD do Benfica, encarou a entrevista concedida à BTV na terça-feira, um dia após a derrota do Benfica em Alvalade frente ao Sporting por 1-0.

Rui Costa elencou uma série de desculpas sobre o porquê de o Benfica atravessar um momento difícil, quando momentos antes tinha dito que o adepto benfiquista não queria ouvir essas mesmas desculpas.

A entrevista a Rui Costa tinha como objectivo colocar na imprensa a teoria de que o Benfica ainda não desistiu de ser campeão nacional. O Benfica, com a derrota em Alvalade, está a 9 pontos do 1º classificado da Liga NOS, o Sporting.

Porém, neste tipo de situação mediática esse objectivo é sempre posto de lado. Se alguém convoca uma entrevista numa situação menos boa do seu clube, como é o caso, não só quer convencer os adeptos de que o problema está identificado e as responsabilidades estão assumidas como também se quer convencer a si próprio.

Para existir esta peça teatral de pouco efeito significa que há vozes dentro do Benfica a deitar a 'toalha ao chão', a não assumir responsabilidades e a não saber dar a volta ao momento. Estas entrevistas, para o olho atento, têm sempre o objectivo contrário ao desejado pelo próprio clube.

Passo a explicar.

Em final de Novembro de 2018, Luís Felipe Vieira, também após uma série de maus resultados do Benfica, decidiu convocar a imprensa para lhes assegurar a continuidade do treinador Rui Vitória. Disse aos jornalistas convidados ter visto uma luz, o que o impedia de despedir o treinador. No início de Janeiro de 2019 despediu Rui Vitória.

Logo, não fico admirado nem emocionado quando estas entrevistas vêm ao de cima. Sei do seu valor representativo. Não servem para nada e são um mero sinal de insegurança. À mínima contrariedade, no Benfica, lá vêm os paninhos quentes e as justificações. Basta uma derrota contra uma grande equipa para serem disparados todos os canhões de guerra. Isto não é assumir responsabilidades mas sim admitir estupidez.

Só fica surpreendido com o desempenho actual do Benfica quem nos últimos cinco anos esteve debaixo de uma pedra. A equipa está velha, tem pouco uso e valor de mercado. Mas quando chega um treinador muito acima da média (Jorge Jesus) espera-se que em menos de 6 meses o Benfica se transforme no Barcelona de 2011.

Enquanto Vieira e Rui Costa não admitirem que foram eles os responsáveis pela mediocridade exibida pelo Benfica, nestes últimos anos, nunca sairão deste constante festim de conferências e estratégias comunicativas em cima do joelho.

No fim quem paga é o clube e não os responsáveis.


5) O contrato de Messi surpreende tanto como os golos, assistências e troféus do argentino.

O jornal espanhol El Mundo revelou, no dia 31 de Janeiro, o contrato que Lionel Messi assinou com o Barcelona em Novembro de 2017 e que acaba em Junho deste ano. O título da notícia lê-se: 'El contracto faraónico de Leo Messi que arruina al Barcelona'. 

Os valores são simples: 555.2 milhões de euros em 4 anos. 138 milhões de euros por ano mais variáveis. 115 milhões de euros de prémio de assinatura. 77.9 milhões de euros de bónus de lealdade. 

Não vejo aqui grandes problemas.

Messi é o melhor jogador de sempre do Barcelona. Não há dúvidas.

Em 17 anos de carreira de Barcelona e com oito treinadores diferentes, Messi marcou 605 golos e assistiu 245 vezes. Foi dez vezes campeão espanhol. Venceu a Ballon d'Or em seis ocasiões. Foi campeão europeu quatro vezes. 

Se isto não vale 555 milhões de euros no futebol europeu, então não sei o que vale.


4) O Sporting já é campeão nacional.

O acordo entre o Sporting de Braga, o Sporting e o avançado Paulinho ficou consumado. O internacional português ruma a Alvalade por um valor atípico: 21.4 milhões de euros.

Em sentido inverso segue o lateral esquerdo Cristian Borja, que assinou contrato com o Braga por quatro anos e meio, e o avançado Sporar, que vai por empréstimo. 

As contas são simples:

- O Sporting paga 16 milhões de euros por 70% do passe de Paulinho;

- Acarreta o salário de Sporar por meia época (1 milhão de euros);

- Acarreta o salário de Borja por quatro épocas e meia (3.6 milhões de euros no total);

- O Sporting de Braga paga 3 milhões de euros por Borja;

- Pode vir a comprar Sporar por 7.5 milhões de euros (valor da opção de compra após o empréstimo) no final da temporada. 

Se o Braga acabar por comprar Sporar no final da temporada, então Paulinho apenas custou 10 milhões de euros. O Braga ganha mais no médio prazo porque o Sporting tem de pagar quase 4 milhões de euros em salário a um jogador que já não é seu.

Dinheiro para o Sporting parece não interessar. Comprar Rúben Amorim e Paulinho por 20 milhões de euros não me parece muito. Paulinho é o melhor ponta de lança português e tem, pelo menos, mais 4 anos de futebol nos pés. Rúben Amorim é o futuro grande treinador português.

Os investimentos cirúrgicos de Frederico Varandas têm sido impressionantes.

O Sporting já ganhou o campeonato.


3) Matheus Nunes foi o jogador mais interessante do dérbi lisboeta.

O jogo entre Sporting e Benfica (os leões venceram por 1-0), a contar para a 16ª jornada da Liga NOS, no estádio José de Alvalade foi chato, aborrecido e desumano. 

Mas lá no meio de tanta mediocridade surgiu Matheus Nunes.

Ambas as equipas principais têm alguns bons jogadores. Jogadores sólidos capazes de singrar no nosso campeonato. Mas depois há Matheus Nunes. 

Se há alguém que tem futuro no futebol europeu é o médio do Sporting. 

Em ambas as equipas ninguém se destacou. Jogadores com experiência de Liga NOS e de outros campeonatos melhores que o nosso nada fizeram. Mas um miúdo com 22 anos parecia o Fernando Redondo do Real Madrid. Fazia tudo bem e com o mínimo de esforço possível, pelo menos assim parecia.

Era um autêntico boi a olhar para um palácio. Matheus Nunes estava no relvado a gastar o seu talento num campeonato como o nosso. Estava a mais. 

Neste jogo pertencia a um grande clube europeu e devia estar disputar a final da Liga dos Campeões.

Será interessante ver a sua trajectória no futebol europeu. 

Ele craque já é.


2) Ronaldo não tem talento. Tem determinação.

Estar no topo do futebol europeu aos 36 anos não é para muitos. Há lesões, treinadores diferentes, países distintos e motivação ou falta dela. 

Cristiano Ronaldo já passou pelos grandes palcos europeus, conquistando campeonatos, taças, supertaças e Ligas dos Campeões. Contudo, continua com a mesma mentalidade que o tirou de uma pequena ilha do Atlântico e o colocou na montra do Mundo.

No jogo de quarta-feira da primeira mão das meias de final da Taça de Itália, a Juventus de Ronaldo foi a Milão defrontar o Inter. Ronaldo marcou duas vezes e a Juventus ganhou por 1-2. 

Ao minuto 77, porém, o treinador da campeã italiana, Andrea Pirlo, fez o impensável: decidiu tirar Ronaldo de campo e colocar Arthur. A insatisfação de CR7 foi evidente.

Com tudo conquistado, com mundos e fundos, Ronaldo continua a querer sempre mais.

Sempre achei Ronaldo pouco talentoso em comparação com tantos outros jogadores de futebol. No entanto, não há ninguém com a sua capacidade de trabalho, dedicação e mentalidade.

Uma verdadeira referência nacional.


1) Não é de admirar que a culpa é sempre de Pedro Passos Coelho.

Quando Ana Drago fala, a cura para as insónias está encontrada. Não há mesmo muito conteúdo dentro da cabeça da ex-deputada do Bloco de Esquerda. 

No programa semanal 'O Outro Lado' da RTP3 onde a ex-deputada, Pedro Adão e Silva e José Eduardo Martins comentam a actualidade política, Ana Drago voltou a relembrar a narrativa extremista do Bloco de Esquerda.

Quando confrontada por José Eduardo Martins sobre a maior prevalência da estripe inglesa do vírus COVID-19 em território nacional, Ana Drago disse o seguinte: 'Porque nós temos uma emigração que surgiu no tempo da troika, particularmente, vocacionada para o Reino Unido.'.

Mesmo durante a sua reforma política, Pedro Passos Coelho não tem descanso. Salvou Portugal de uma bancarrota criada pelo PS e mesmo assim tudo o que de mau ainda há no país é culpa sua.

Enquanto país, acho que devemos muito a Pedro Passos Coelho. 

Pelos vistos, Ana Drago não partilha esta opinião. Mas Ana Drago não partilha muitas opiniões sensatas e, certamente, não se representa como líder de qualquer tipo de pensamento sustentável para este nosso país. Ana Drago, porém, ajuda-nos a perceber até onde pode ir o limite da nossa própria insanidade mental política. 

Apelo a Ana Drago uma maior continuidade neste tipo de comunicação política. Acho-a, francamente, interessante. 

Nos E.U.A., entre 8-10% da sua população acredita que o cantor Elvis Presley ainda está vivo. Logo, Ana Drago tem direito a pensar que um vírus descoberto em finais de 2019, sendo a estripe inglesa do COVID-19 mais recente ainda, possa ter sido culpa do Pedro Passos Coelho.

De facto, a culpa é sempre do Passos.

  




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