10) Os clubes de topos são iguais aos clubes que lutam para não descer de divisão.
A chicotada psicológica foi dada. Lucien Favre, treinador do Borussia Dortmund durante quase três épocas foi despedido. A derrota de sábado, frente ao Stuttgart por 1-5 foi o dia em que a direção do clube alemão decidiu antecipar o fim do contrato de Favre (terminava em 2021).
O Borussia Dortmund fez figura de sonso. Achou ser possível competir com o Bayern de Munique na conquista pela Bundesliga, mas comporta-se como o Mainz.
Despedir um treinador a meia da época não será das melhores estratégias a implementar, especialmente para clubes com ambições de ultrapassar o grande Bayern.
Talvez o grande problema seja a tentativa de copiar os modelos de (in)sucesso dos outros. O Bayern lá se consagrou campeão europeu com um treinador interino, porque não experimentar?
Uma ideia a reter seria a impenetrabilidade da estrutura desportiva de um clube como o Bayern, tal como os seus orçamentos anuais e a sua capacidade de conquista que lhe permite, de vez em quando, despedir um treinador a meio da época e ter sucesso.
Entender este ponto essencial é um grande passo para clubes secundários se tornarem em clubes primários.
9) Há alguém a dar importância aos prémios FIFA, UEFA e Ballon d'Or depois da brincadeira de 2018?
Comecei a perder interesse pelos prémios atribuídos pela FIFA, UEFA e a revista France Football quando a diferença de troféus Ballon d'Or (o prémio atribuído ao melhor jogador de futebol do Mundo) entre Cristiano Ronaldo e Lionel Messi era absurda.
Ronaldo teve de esperar 4 anos até vencer o seu 2º prémio, tendo visto Messi conquistar tudo desde 2009. Desde então, qualquer tipo de imparcialidade e realismo era inexistente.
Este ano, os três finalistas do 'FIFA: The Best' a melhores treinadores do Mundo são Marcelo Bielsa, Hans Flick e Jurgen Klopp. Os últimos dois não me afectam mas sobre Bielsa já por aqui escrevi.
Os melhores guarda-redes para a FIFA são Jan Oblak, Alisson Becker e Manuel Neuer. Continuo sem perceber a omissão de Marc-Andre ter Stegen, o melhor guarda-redes dos últimos três anos (pelo menos).
Já os nomeados para melhores jogadores são Robert Lewandowski, Lionel Messi e Cristiano Ronaldo. A presença de Lewandowski aqui, honestamente, não faz muito sentido.
Desde Luka Modric, eleito em 2018 como o melhor jogador do Mundo, a FIFA, UEFA e a France Football fazem um desserviço à comunidade futebolística.
Enquanto Ronaldo e Messi respirarem não há mais ninguém.
8) A hipocrisia do futebol foi visível no tratamento do 'racismo' que suspendeu o jogo entre o PSG e o Istanbul Basaksehir.
Na semana passada, no último jogo do grupo H da Liga dos Campeões, quando o PSG defrontava o Istanbul Basaksehir, o quarto árbitro, inserido numa equipa de árbitros da Roménia, terá dito a palavra 'negru', que em romeno significa preto, para tentar identificar o adjunto da equipa da Turquia, Pierre Webo, de modo a ser penalizado com cartão devido a protestos verbais.
Mas de acordo com Emanuel Rosu, um jornalista da Roménia, terá sido o fiscal de linha a proferir as palavras da controvérsia: 'Dá-lhe o cartão amarelo. O preto. Não é possível alguém fazer tal coisa. Vai ver quem ele é. O preto que está ali. Não é possível alguém fazer tal coisa.'.
I've spent the past 3 hours listening to a clean feed from the 15 minutes of madness in the game between PSG and Basaksehir on Tuesday. And here's what I found out. A short thread. pic.twitter.com/62UgI7lk8O
— Emanuel Roşu (@Emishor) December 10, 2020
Os mimados senhores futebolistas lá pediram para cancelar o jogo. Ou mandar o árbitro que fez o comentário para casa para continuarem a partida.
O tal racismo que existiu eu não o vi.
A linguagem é tremendamente simples. E até nem percebo onde está a controvérsia.
Há pessoas pretas, brancas, asiáticas e até da Oceânia. Da mesma maneira que há pessoas gordas, magras, com bigode e sem bigode. Tentar perceber a localização de uma pessoa, para a admoestar, com base nas suas características físicas, quando não se sabe o nome dessa pessoa, não me parece um grande aparato.
Os árbitros deviam saber os nomes das pessoas presentes no banco, de modo a evitar estes 'mal entendidos' numa altura onde tudo é racismo e as comunidades minoritárias são todas umas vítimas. Aqui, os árbitros falharam.
A hipocrisia é existente, porém.
Quando uma data de turcos, a viver na Turquia, sob tutela de um ditador dão lições de civismo à Europa, eu levanto a sobrancelha.
O senhor Erdogan é tão fofinho que até executa purgas de vez em quando e restringe a liberdade de imprensa e de expressão.
Onde estão estes futebolistas nessas alturas mais apertadas?
7) O médio português do Manchester United é assim tão bom?
Bruno Fernandes é um bom jogador. É o melhor jogador numa equipa medíocre e inepta. Porém, desde que chegou ao United não o vi a fazer um grande jogo contra equipas dos 'Big Five' em Inglaterra.
Fez uma boa segunda parte contra o Tottenham de Mourinho no primeiro jogo, pós-pandemia, da Premier League, mas daí para a frente e daí para trás não me babo como quase todos os portugueses acerca de Bruno Fernandes.
O dérbi de Manchester contra o City no sábado, acabou num empate (0-0), mostrou-me esta pouca habilidade do português em jogos grandes.
Pode precisar de tempo, mas talento não lhe falta.
6) Afinal José Mourinho tinha razão: não se fazem omeletes sem ovos.
O Manchester United continua em queda livre.
O seu treinador é uma vergonha.
Os contratos de alguns jogadores são estapafúrdios.
Talvez sejam estas as razões a levá-los para a Liga Europa, com a derrota frente ao RB Leipzig (3-2), na terça-feira passada.
Quem segurou um 2º lugar com uma linha defensiva composta por Phil Jones, Chris Smalling, Ashley Young e Luke Shaw contra o Manchester City dos 100 pontos, ganhou uma Liga Europa, uma Supertaça Inglesa e uma Taça da Liga Inglesa, afinal não foi tão mau como dizem. Porém, José Mourinho foi despedido e subsequentemente contratado pelo Tottenham.
Mas Mauricio Pochettino continua sem emprego e eu não entendo porquê.
5) Defrontar o Arsenal pode ser capaz de salvar uma época desastrosa do Benfica.
Ficou ontem conhecido o sorteio para os 16 avos de final da Liga Europa e o Sport Lisboa e Benfica vai defrontar um grande de Inglaterra (talvez não se comporte como tal, de momento).
O Arsenal vai ser o melhor teste do Benfica esta época. Jogar contra Willian, Aubameyang, Partey, Leno e Pépé pode ser o que o Benfica mais precisa. Jogar contra um nível de Premier League logo pela fresca, em vez de estar em piloto automático até às meias de final a defrontar equipas 'de Liga Europa', poderá espevitar os jogadores do Benfica a ter melhores desempenhos e perceber que o futebol europeu é, completamente, diferente do nosso.
Jesus já deve ter analisado os jogos todos do Arsenal desde Dezembro de 1978 até ao jogo mais recente contra o Burnley. Um bom desempenho ajudará o Benfica nas outras competições.
Inglaterra prepare-se, Jesus está agora ao serviço de Sua Majestade.
4) Jesualdo Ferreira é uma boa escolha mas Vasco Seabra não merecia ser despedido.
O Boavista viu-se ao espelho e entendeu despedir o seu treinador. Já andava a fugir à sua identidade há algum tempo e decidiu continuar no seu eterno estado moribundo.
Despedir um treinador capaz de brincar, taticamente falando, com o segundo melhor treinador português de sempre, é obra. Os resultados não foram famosos para o Boavista mas a discrepância entre este clube e os outros não é muita.
Jesualdo Ferreira, no entanto, é uma boa escolha e parece que o Professor ainda pode ensinar muita coisa a muita gente.
Recursos não lhe faltam, o Boavista tem um plantel tremendo.
3) Mesut Ozil é o melhor jogador do Arsenal.
Depois de ter sido deixado de fora da lista de jogadores inscritos pelo Arsenal na Premier League, Mesut Ozil nunca foi tão desejado.
O Arsenal está há cinco jogos sem vencer para o campeonato inglês e avizinha-se uma época longa e com Ozil a não figurar nos planos do treinador Mikel Arteta. Acho um erro tremendo.
Ozil é dos jogadores mais talentosos e importantes dos últimos 10 anos no futebol europeu e só não vê quem não quer.
A 20% ou a 100%, com meia perna e um saco de batatas às costas, Ozil é não só o melhor que o Arsenal tem com dos melhores da Premier League.
Entender um grande jogador é difícil, mas pô-lo a jogar é fácil.
2) Acabou a novela Paul Pogba-United e o grande vencedor não é o francês.
Paul Pogba é talentoso. Se não fosse não havia todo este aparato em torno da sua saída do Manchester United. O seu agente Mino Raiola deixou claro que Pogba não irá renovar o vínculo com o clube inglês, abrindo a porta para a sua saída.
O campeão do Mundo pela França representa, na perfeição, o papel do típico jogador mimado que acha que o Mundo gira à volta do seu umbigo. Conseguiu criar desentendimentos com Solskjaer e José Mourinho e nada fez pelo clube se não berrar e espernear.
Esta saída já se avizinhava mas é tardia.
Já dizia Sir Alex Ferguson: 'Quando um jogador se acha maior que o clube, deve sair.'.
1) A comédia Eduardo Cabrita é a melhor em Portugal.
Esqueçam a Netflix, a HBO e o Prime Video.
Eduardo Cabrita traz entretenimento caro, pago pelo erário público, mas nunca desilude. O ministro da Administração Interna representa o melhor que a sociedade portuguesa tem para oferecer: nepotismo, compadrio e incompetência.
As golas anti-fumo foram dos melhores sketchs de comédia do próprio Cabrita. Umas golas que serviam para proteger do fumo e do fogo mas que foram alvo de investigação por possível corrupção na celebração de contratos.
Mas Cabrita sempre ambicionou mais alto e quis sempre ganhar um Emmy pela sua série de comédia televisiva. Ao lado de Eddie Murphy, Rodney Dangerfield e Bill Burr está o indiscutível Eduardo Cabrita.
Cabrita, porém, não quis só ser conhecido apenas pela sua contribuição audiovisual de comédia e enveredou pela defesa dos direitos humanos.
A morte trágica de Ihor Homenyuk, alegadamente pelas mãos de agentes do SEF, foi um novo lembrete da incompetência de Cabrita.
Em conferência de imprensa assinalou a 'sua luta' em defesa de Ihor: 'Tendo estado quase sozinho perante o desinteresse de todos os comentadores, perante o desinteresse da generalidade da comunicação social, eu congratulo-me que, neste momento, tantos que não perceberam nada do que foi dito, não ligaram nada àquilo que eu disse, em Março, em Abril, agora estejam justamente preocupados com esta situação. Bem-vindos, bem-vindos ao combate pela defesa dos direitos humanos.'.
Eduardo Cabrita já fez de tudo nesta vida. Amigo ferrenho de José Sócrates, designer de moda e agora alto comissário dos direitos humanos.
Cabrita já fez mesmo tudo.
Só não fez o seu trabalho.
Boa semana.
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